Pela janela, Penélope percorre os dias, a prolongar as horas entre um cigarro e outro, como se lembrar-se de algo ou de alguém fosse a vida, fumável, enquanto nos acomodamos placidamente na cadeira. Todos os dias, pela janela, quando sobra tempo para pensar no pouco tempo que lhe resta para ser “feliz”, ela se arrasta aos ponteiros com o cinzeiro sob seus dedos longos e amarelos. Pela janela, constata a impossibilidade de ser “feliz”. Não se casaria novamente, suas manias, já amadurecidas e bem cuidadas pelos anos solitários, afastaram de si qualquer hipótese de uma nova vida a dois. Agora seria apenas ela e suas bolsas de crochê, além de uma enorme saudade do futuro que inventara um dia...*
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