Apenas eu. Ninguém mais a contar o que vê à minha frente, ao espelho. Um rosto mudo, a imitar meus lábios entreabertos, as falhas exatas de minhas sobrancelhas, os fios brancos desregulares aqui e ali. Tento sorrir. Ela também sorri, seu sorriso líquido, um pouco riscado. Quando pisco não a vejo. Apenas uma lágrima na maçã do rosto. Mancho-me de pasta de dente, quando postada à sua frente. E ela me interpela com seus olhos ocos. Sou de vidro. Sem que notem, derreto com os anos. E ela...É igual hoje, mas amanhã, não. Eu, ela. Esta, que, apática, me denuncia com sua imagem. Eu a amo, sim, eu a amo, mas nunca saberei quem ela é.
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