"Querida, você tem um coração na garganta"
Minha avó

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Um minuto ou dois de silêncio...

...,em meio à bagunça do entrehoras, para a leitura deliciosa de dois poemas de Lúcia Bettencourt. Por este blog se tratar de um palimpsesto, estes poemas também valem como homenagem aos 20 anos da morte de Drummond, que ocorreu no dia 17 de agosto.

Dantesca

No meio do caminho
não havia nada
nem pedra
nem buraco no chão

No meio do caminho
não encontrei
nem virgílio
que me guiasse
nem virgília
que me explorasse

No meio do caminho
por um triz
não encontrei
beatriz
que fora dançar
quadrilha
com josé

No meio do caminho
o fim já estava escrito

No meio do caminho
só me restava retornar
ao início da frase
parafrasear
em nova freqüência
modulada
o que para os outros
é estrada
e para mim
tropêço

Criação

E agora, Maria?
Onde está o poema inspiração?
Dá pra seguir este
padrão?
Pedrão, pedregulho, uma pedreira,
inteira,
no meu caminho.

Dá pra olhar com as pupilas fatigadas do outro?
Ou é melhor dar a volta
por cima ou por baixo
o negócio é se virar
Jacaré ou lobisomem
mas prefiro
escalar a pedreira
ou virar a pedra
re-criar o padrão
inventar o caminho
a contra-mão da palavra.

Lúcia Bettencourt

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Patricia Highsmith

Outra raspadinha: quem leu The Brooklyn Follies de Paul Auster precisa conhecer o misterioso pintor Derwatt de Patricia Highsmith em Ripley Under Ground. (ou vice-versa...)

Arte segundo um artista jovem

"A piedade é o sentimento que faz parar o espírito na presença de algo que seja grave e constante no sofrimento humano e o une com o sofredor humano. O terror é o sentimento que detém o espírito na presença de seja lá o que for que seja grave e constante no sofrimento humano e o liga à sua causa secreta [...] A beleza expressa pelo artista não pode despertar uma emoção que é cinética, ou uma sensação que é puramente física. Ela desperta ou deve despertar, ou induz ou deve induzir um êxtase estético, uma piedade ideal ou um terror ideal, um êxtase que perdura, que se prolonga e que acaba, por fim, dissolvido pelo que eu chamo o ritmo de beleza." James Joyce, tradução de José Geral Vieira

domingo, 12 de agosto de 2007

MANIAS PARTE i

"da discussão com os outros fazemos retórica e da discussão com nós mesmos fazemos poesia" W. B. Yeats

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

RAYUELA

Dia desses, rodando à noite pelo centro velho da cidade de São Paulo (o que adoro) entrevi, em meio a carros policiais, garotos e garotas de programa, desastres aéreos e urbanos, uma menina solitária jogando Amarelinha na calçada do Pateo do Collegio. Não é Cortazar demais?

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

MANIAS PARTE - JÁ NEM SEI...

Fujo delas! Tenho medo de morrer com o bico de uma pomba cravado em minha testa. Elas ou eu somos cegas quando alçamos vôo.

ESTRANGEIROS PARA NÓS MESMOS

"Estranhamente, o estrangeiro habita em nós, ele é a face oculta da nossa identidade." , Julia Kristeva