Meus dias são mais vividos dentro de uma biblioteca. Passo horas redondas e quebradas dentro dela. A do Centro Cultural é minha preferida, nos aceita como somos. Com nossas garrafinhas de água, nossos outros livros (não é ciumenta, aceita livros de outras bibliotecas), nossas roupas rasgadas,etc ,etc. Antes de iniciar o mestrado já vivia em bibliotecas, aliás, por elas que conheci autores como Proust, entre outros.
Nesses anos intensos de biblioteca, descobri quem são seus freqüentadores. O mais engraçado é que deste grupo não fazem parte aqueles "intelectuais" e "escritores" que se dizem leitores compulsivos para seus entrevistadores babões.
Não, o grupo é formado por estudantes pré-vestibular e pré-concurso e sobretudo por mendigos. Exatamente, por mendigos, uma grande parte já enlouquecida pela miséria e pelo excesso. Estes sim, leitores compulsivos. Eles falam sozinhos, afastam os demais por sua condição marginal, e lêem muito. Muitos livros, jornais, muitos dos seus escritos (porque também escrevem muito), por fim lêem tudo que a vida lhes negou, conhecimento, sonhos, etc, etc, etc. Eles não participam de bienais ou das festas de Parati, mas destes sim sou grande fã!
4 comentários:
Vé, eu passo muito menos tempo na biblioteca do que eu gostaria. Mas quando estou em uma (ultimamente, sempre na do IEL, da Unicamp) sempre imagino que eu poderia viver ali, pra sempre, no silêncio cheio de palavras e de paz dos livros. Morando neles e com eles. Beijos, Vé! Ah, acabei de reler "As boas novas" na Cronópios e é um conto delicioso. Parabéns e saudades!
Você trabalha muito, Andrea, sei. Também sei que é uma leitora compulsiva! Obrigada pelo elogio. Muitos beijos e saudades
Até os mendigos conseguiram manter compulsividade essa.
Já a minha, fiacre.
Vera,
Essa é uma das mais gostosas crônicas urbanas que lí ultimamente.
Você anda muito afiada. Parabéns
Sou seu fã, continue.
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