"Clara tinha compaixão. Por compaixão, insistia no olhar esgarçado do outro. Queria lamber a ferida com sua própria dor, oferecer-se de corpo em pêlo aos crucificados do calvário, coroar com espinhos sua delicada testa e sofrer como sofriam os filhos abandonados e maltrapilhos de nossa Mãe Gentil. Mas era malograda qualquer tentativa em estender o braço aos que têm fome, pois que nunca entenderia a real fome daqueles que têm fome. Restava-lhe sofrer o que acreditava como sofrimento pelos penados e esquecidos de nossa Pátria Amada, nosso verdadeiro produto interno bruto, tão barato quanto a cana-de-açúcar colonial. Assim Clara sofria, e, assim, aliviava-se na dor do outro."
fev. de 2007
Um pouco do meu "Estamos todos bem", estava com saudades dele e da Eufrosina.
2 comentários:
Que saudades também Vé! Esse trecho é de uma intensidade, lindo! Da vontade de reler o livro.
"Bon courage" para o seu "trabalho de formiga" com a tese.
Fique bem
beijos mil
Muito obrigada, Lú. Adoro seus comentários. Um pouco de você aqui, pra matar a saudade também. Continuo com meu "trabalho de formiga".
Outros mil beijos
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