Outra raspadinha (ou será plágio?): sempre que posso, pesquiso na internet publicações ou trabalhos relacionados à Clarice Lispector jornalista. Todos que leem este blog, e que por conseguinte me conhecem, sabem que estudo há mais de cinco anos as entrevistas realizadas por Clarice Lispector para as revistas Manchete e Fatos e Fotos. Hoje, descobri o artigo: "Diálogos possíveis com Clarice Lispector: um estudo do gênero entrevista na Revista Manchete", realizado por Michelle Moreira Braz dos Santos sob orientação de Marcelo Magalhães Bulhões para o XIV Congresso de ciências da Comunicação na região sudeste - Rio de Janeiro - 7 a 9 de maio de 2009. Já o título me chamou a atenção por ser muito semelhante ao da minha dissertação de mestrado: "Diálogos possíveis com Clarice Lispector: as entrevistas de uma escritora jornalista". Claro, a considerar que "Diálogos possíveis com Clarice Lispector" era o nome da coluna assinada pela escritora na Revista Manchete, a coincidência é também possível. Porém ao ler o texto notei incríveis semelhanças com minha dissertação, desde a fundamentação teórica até mesmo à construção de parágrafos inteiros. Comparo aqui uma passagem da minha dissertação a uma passagem do artigo para provar que ainda não enlouqueci:
"Em resposta à jornalista Isa Cambará, da revista Veja, sobre a necessidade de se publicar De Corpo Inteiro , uma coletânea com algumas de suas entrevistas realizadas para a revista Manchete, Clarice Lispector revela:
'Eu me expus nessas entrevistas e consegui assim captar a confiança de meus entrevistados a ponto de eles próprios se exporem. As entrevistas são interessantes porque revelam o inesperado das personalidades entrevistadas. Há muita conversa e não as clássicas perguntas.'"
[...] minha dissertação
"Em resposta à jornalista Isa Cambará, da revista Veja, sobre o motivo de publicar De Corpo Inteiro , livro que reúne entrevistas da revista Manchete, Clarice Lispector revelou:
'Eu me expus nessas entrevistas e consegui assim captar a confiança de meus entrevistados a ponto de eles próprios se exporem. As entrevistas são interessantes porque revelam o inesperado das personalidades entrevistadas. Há muita conversa e não as clássicas perguntas.' " [...](artigo)
Detalhe: minha dissertação sequer está na bibliografia do trabalho. Deixei os links no texto, para quem quiser comparar um com outro (sobretudo com o início de minha dissertação)
Provocação: raspadinha ou Ctrl C + Ctrl V?
26 comentários:
Vé, acho que é plágio mesmo...
Obrigada, Déa! Que medo dessa coisa sem forma desencadeada por dois simples comandos Ctrl C e Ctrl V. Por isso, Dé, cuidado, sua dissertação também está na Internet, acessível pra todos. Deveria haver uma lei para protegermos nossas produções intelectuais e acadêmicas de uma maneira mais efetiva!
Beijos, querida e boa semana
Vé
CRIME intelectual!!!!!!!!!!!!! PASSÍVEL de pena! PROTESTAREMOS , sim , no seu blog pq a justiça brasileira não está com nada , haja vista todos os crimes políticos cometidos sem punição nenhuma O furto intelectal seria uma consequência dessa falta de penalidade em todos os setores Ninguem tem medo de nada
Obrigada pelo apoio, anônimo! Protestaremos sim!! Realmente, acredito que estão se lixando!
Beijos mil
Verushka
Vera,
Puro estelionato intelectual. Esse é o pior dos crimes quando praticado por pessoas com educação formal diferenciada, porém sem escrúpulos.
O plágio de um parágrafo inteiro de uma obra intelectual, sem referência bibliográfica ou crédito ao verdadeiro autor, como o descrito acima, é um escândalo. A figura é a de uma pessoa que faz um banquete para ilustres convidados, usando itens roubados no mercado.
Restam poucas esperanças em um país quando sua elite intelectual age dessa maneira. É uma pena.
Vera, não desanime continue com seu magnífico trabalho nós precisamos disso.
Oi Vé,
Realmente é uma afronta "copiar colar" sem mencionar o autor nas referências bibliograficas, além de ser crime. A sociedade precisa ser muito bem educada, mas como bem dizia o anônimo, como educar num pais onde o governo mostra claramente que cada um pode fazer o que quiser, pois ninguém sera punido!
Protesto!
beijão
Douglas, muito obrigada pelas palavras e pelo grande apoio que você me dá, sempre! Restam poucas esperanças mesmo!
Lú, querida, é uma afronta, de fato. Como disse ao anônimo, eles estão se lixando.
Pessoal, valeu pelo apoio, mesmo!
Abraços a todos
Vé
Pessoal,
O professor acabou de responder meu e-mail, dizendo que certamente sua orientanda errou, e que assim que obtivesse uma resposta dela, entraria em contato comigo.
Beijos a todos e bom final de semana
Vera
A orientanda errou ?!!!!!!!!!! Mas , ele não assinou o trabalho ?! Ou ele nem leu e só assinou ? Puxa! Que país é esse?
Tem toda razão, anônimo. Vamos aguardar o final dessa história!
Muitos beijos
Vé
Conheço seu trabalho de longa data assisti a defesa brilhante de sua tese, soube do que houve a indignação me trouxe a lamentar o ato dos pseudos intelectuais, que buscam atalho no esforço alheio.
bjs.
Paulo André Pontes Barbosa.
PUC-São Paulo
Complicado isso. A chance de uma grande coincidência talvez seja nula. Poderia ter te citado, colocado na bibiografia. Se a passagem é muito próxima, por que não citar teu texto com as devidas referências? Talvez seja neste ponto em que o professor disse que sua orientanda errara.
De qualquer forma, concordo quando disse que falta uma proteção às obras intelectuais produzidas.
Tanto trabalho e nem sempre tanto reconecimento ou respeito.
Vamos aguardar e que seja resolvido, plagiar é rebaixar-se ao ctrl C e ctrl V.
Um beijo para ti... Sucesso!
Victor Hugo
Prezada Vera,
É uma acusação grave e, com exceção do trecho que coloca no blog, os dois trabalhos não possuem grandes semelhanças. O enfoque é distinto.
Se a menina não cita seu trabalho, talvez não o conheça.
O parágrafo que coloca aqui como "amostra" não trata de uma observação original sua, mas da citação de outra fonte. E o trecho que precede a citação traz apenas informações elementares. Não é suficiente para justificar a acusação.
Sugiro que tome cuidado com esse tipo de insinuação. Pode ser, inclusive, motivo para processo jurídico.
Você diz ter entrado em contato com a autora e o orientador. Deveria esperar pela resposta deles antes de fazer o post.
Uma atitude de diálogo seria mais esperada de alguém que trabalha com Clarice Lispector.
att,
Mateus Yuri Passos
UFSCar/UNESP
Sr. Mateus,
a doutoranda Vera em nenhum momento acusou a orientanda de plágio! Quem fez isto, ou apenas sugeriu, foram os seus leitores do blog. O diáologo foi sim proposto pela Doutoranda Vera, e ao que me parece, foi recusado por parte da orientanda e de seu orientador. Ademais, o blog é uma canal de comunicação aberto e livre, em que as pessoas podem sim se comunicar e expressarem suas opiniões, como vc mesmo o fez. Ameaças de processos jurídicos não nos coibirão! Nossos direitos estão salvaguardados pela lei. Tanto a orientanda, que se sentiu ameaçada (mesmo não tendo sido), quanto à Doutoranda Vera, caso fique comprovado um crime de plágio, terão sempre o direito de buscar proteção jurídica. Este é nosso país! Todos se esquecem das leis, mas quando se sentem ameaçados, é à elas que recorrem de forma ameaçadora. Mas o direito está aqui para todos nós!
Mateus.
O que vc chama de informações elementares?...seria interessante informar-se antes de qualquer afirmação.Quanto a sugestão, é válida para todos nós.
Paulo André Pontes Barbosa.
PUC-SP
> Informações elementares: indica-se a fonte da citação (a reportagem de Veja), a autora da reportagem, a pergunta, uma explicação do que é 'De corpo inteiro'.
> Lyrossi, a primeira linha do post já insinua a possibilidade de plágio. Releia.
> Não me parece que houve recusa de diálogo. A autora do artigo foi contatada? Parece que não. De qualquer forma, um esclarecimento com a autora e o orientador deveriam PRECEDER o post.
> Concordo com a maravilhosa liberdade de expressão que a web nos permite. Mas também existe algo chamado 'crime de opinião'. Atribuir levianamente a alguém um crime, como plágio, é um deles: calúnia.
> Aproveito para agradecer à autora do blog por permitir o diálogo, autorizando estes comentários.
> Fiquei profundamente chateado ao encontrar este post na web. Fui coordenador da Michelle, autora do artigo, em projetos de extensão e acompanho indiretamente o desenvolvimento de sua pesquisa. É uma das estudantes mais dedicadas e éticas que conheço. Por isso, reitero que não houve plágio. E sugiro à Vera que opte pelo diálogo, em lugar da fogueira. Pode-se estar perdendo uma valiosa interlocutora.
Mateus Yuri Passos
UFSCar/UNESP
Gostaria de registrar aqui que conheço a pesquisadora Vera Helena há mais de 6 anos, período no qual pude testemunhar sua firmeza de caráter, sua seriedade e o espírito crítico e o entusiástico com que conduz seu trabalho com a literatura. Não conheço a outra pesquisadora envolvida, mas acredito que cabe a ela tentar esclarecer o ocorrido, em vez de omitir-se ou, pior, deixar que outras pessoas se expressem por ela ou tentem desautorizar a autora deste blog de expor suas opiniões fundamentadas, com a legitimidade que lhe é conferida pela liberdade de expressão e pelas características democráticas de um blog.
Espero que tudo se esclareça da forma mais justa e pacífica, o mais breve possível.
Andrea de Barros
Doutoranda em Teoria e História Literária - IEL - UNICAMP
Andrea
Não duvido do caráter ou seriedade de Vera; acredito apenas que esteja realizando um julgamento injusto.
Este é um espaço democrático; estamos dialogando.
Mateus Yuri Passos
Certo, Mateus. O diálogo aberto e honesto, sem dúvida, é o melhor caminho para o entendimento.
Andrea de Barros
Sua crença não traz a verdade sobre a seriedade da falta de citação do trabalho da Pesquisadora Vera Helena.A omissão da outra pesquisadora diante dos fatos apenas corroboram para a dúvida que é levantada pela questão que vc insiste em chamar de insinuação de possibilidade de plágio,para que logo e seguida cite como "algo" crime de opinião,trazendo como leviana as postagens e as dúvidas levantadas pela Doutoranda Vera Helena.
Os esforços em justificar a irresponsabilidade cometida para com o trabalho da Doutoranda Vera Helena o distância da seriedade que os posts necessitam.
Paulo André Pontes Barbosa.
PUC-SP
Aponte-me os fatos, então.
Temos apenas o uso de uma mesma citação, publicada na Veja. Que já foi utilizada em outros trabalhos, de outros autores. As linhas que a precedem apresentam informações elementares (o contexto do depoimento, local de publicação, a autora da entrevista). Isso não justifica a acusação. Se encontrar outras 'evidências', caro Paulo, faça-nos o informe.
Mateus Yuri Passos
Uma vez mais voltando a questão dos créditos.
Ressaltarei apenas umas duas evidências ..assim em caso de desacordo poderemos enumerá-las.
1º)Temos a construção sintática Idêntica, não se faz necessário um grande Título acadêmico para entendermos que tal coincidência é IMPOSSÍVEL,um pouco de bom senso e teremos isso em acordo.
2º) Quanto as fontes sabemos de pronto como citá-las e utilizá-las de forma responsável sem comprometer a qualidade nem o crédito de nossos trabalhos,logo a citação (veja com edição,mês,ano) também não temos, assim como na bibliografia
Com boa vontade, honestidade e tranquilidade acredito ser possível um entendimento entre as partes.
Volto a insistir, seriam interessantes as palavras da outra pesquisadora nesse espaço democrático.
Paulo André Pontes Barbosa.
PUC-SP
Eu gostaria muito de entender por que a pesquisadora em questão, Michelle, ainda não entrou em contato para apresentar algum possível esclarecimentos dos fatos.
Realmente, o trecho citado no trabalho dela deixa margens para dúvidas,isso é inegável.
Taí um clichê verdadeiro: quem não deve não teme. Que venha a verdade.
No mais, assim como há Justiça para calúnia, o que nenhum momento foi o caso nesse fórum, tb há para plágio.
Um beijo, Vera. Conte comigo.
Bela
mateus lendo estes comentarios fiquei confusa, cheguei a cogitar a possibilidade de vc ser um pseudonimo de michelle, mas vi que estava errada.
no entanto acredito que vc tem contato com a autora do artigo, assim sendo porque ela mesma não se pronuncia?
Opa!
Recentemente foi lançado no Brasil o livro Clarice , (biografia) do norte-americando Benjamim Moser.
Estava sabendo?
Olá, Thiago, seja bem-vindo. Sim, já estava sabendo e já a li. Gostei muito dos aspectos biográficos da Família Lispector explorados pelo Moser.
Como já disse por aí, é interessante ler a biografia no original.
Abraços,
Vera
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