Sempre me perguntei se recordar um fato é revivê-lo. Lembrar-se da infância é de fato reviver as brincadeiras, brigas, broncas, choros engolidos e outros tantos episódios vividos e, claro, imaginados por uma criança? Meus anos a mais e minha memória ardilosa e pouco confiável me fazem crer que não. Por isso me fascina tanto a ideia do tempo em camadas _ ademais, minha querida língua portuguesa, com seu pretérito-mais-que-perfeito, e minha memória assim o apresentam. Minhas recordações não me remetem a um tempo contínuo, mas a fragmentos de um tempo obturado pelo outrora. No Telefone sem Fio, por exemplo, ao recodar-se da infância, Alma se repete em brincadeiras e frases perdidas, no intento dolorido de recuperar o impossível, a pequena menina. Como resultado, a imagem urdida sempre será da Alma adulta - "de anos suficientes" - recordando e nunca da criança brincando, xingando, vivendo deveras seus primeiros anos.
Todo esse nariz de cera pra dizer que o site do telefone sem fio está atualizado com mais uma camada - farfarfaraway -
http://telefonesemfioromance.blogspot.com/
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