Ele ultrapassava a magreza. Na realidade, expunha seus ossos saltados sob uma fina pele. Um quase nada a errar alguma direção na Av. Paulista. Passou por mim, mas não me viu. Enxergava tão e somente o reflexo de seu peso de fome. A miséria é narcisista, acredito, inflinge sua imagem, qual um espelho ao miserável. Sem camisa - também doía um quê de culpa nos outros - ele cantava alto e forte, como se o canto o sustentasse. Ressoava a frase: “só eu sei, as esquinas por que passei”.
A partir daquele instante entendi Djavan.
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