Meu conto Remediado Está agora pode ser lido no melhor Portal de Literatura do país:
http://www.cronopios.com.br/site/prosa.asp?id=5239
[do gr. palímpsestos, 'raspado novamente', pelo lat. palimpsestu.]. S.m. 1. Antigo material de escrita, principalmente o pergaminho, usado, em razão de sua escassez ou alto preço, duas ou três vezes[duplo palimpsesto], mediante raspagem do texto anterior
"Querida, você tem um coração na garganta"
Minha avó
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Nome Duplo
Ele chegou antes do previsto. Não estava preparado. Aquiesci sua visita antecipada com um sorriso apertado e um tanto idiota. Olhamo-nos por algum tempo antes que arriscássemos alguma palavra que não nos estranhasse àquele silêncio. Sua figura alta e corpulenta pouco se assemelhava ao rosto afilado da fotografia suspensa no site da Sociedade Ourinhense de Cirurgia Plástica. Mas ainda aquele vinco no canto da boca, ah, aquele vinco no canto da boca, persuasivo, como que a nos convencer que beleza é um bem fundamental. [...]
[...] continuação na Revista Celuzlose nº 2 - lançamento 28 de junho - quinta-feira Bar Canto Madalena
Mais informações aqui
[...] continuação na Revista Celuzlose nº 2 - lançamento 28 de junho - quinta-feira Bar Canto Madalena
Mais informações aqui
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Eccho
Se me perguntarem por que uso sapatos brancos responderei de sorriso apertado que com o tempo aprendi que gastar as solas dos sapatos é uma arte que requer não apenas bons sapatos, mas sapatos brancos. Certamente que ainda me incomoda quando me comparam ao Jacinto Figueira Jr., aquele do extinto programa televisivo “O Homem do Sapato Branco”, mas é inevitável a lembrança, assim como a alcunha, da qual ainda hoje não consegui me desvincular: Jacinto. Sim, o codinome não me soa real, haja vista minha imagem torta que dispensa apelidos. Mas é como me chamam já há um bom tempo, e assim me deixo chamar desde quando me acostumei ao andar macio pelo qual meus sapatos brancos me conduzem. Hoje, poucos conhecem meu nome, sabem apenas que sou o Jacinto, com o que, bem verdade, já me dou por satisfeito, afinal não tenho grandes pretensões além desta, acomodar meus pés nos sapatos brancos.
(início do conto que estou escrevendo para a Revista Vudú)
Logo "falo" (porque acho que falo aqui no blogue!) mais do conto e da revista, um projeto bem bacana do escritor colombiano Lucas Vargas
Mais sobre a revista aqui Revista Vudú
(início do conto que estou escrevendo para a Revista Vudú)
Logo "falo" (porque acho que falo aqui no blogue!) mais do conto e da revista, um projeto bem bacana do escritor colombiano Lucas Vargas
Mais sobre a revista aqui Revista Vudú
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Versão definitiva
Sempre que abro o computador, incomoda-me o nome do arquivo do meu primeiro romance, na verdade novela, ou qualquer gênero que o valha: estamos todos bem versão definitiva. Assim o nomeei como forma de convencer a mim mesma de que se é definitivo, ainda que a cada leitura eu modifique o que leio, sem dó. Posto aqui a última modificação do início de Estamos Todos bem, pois assim aumento as chances de pelos olhos da Internet modificá-lo ainda mais.
{...}As formigas passeavam famintas pelo açucareiro. O café sorvia frio e atravessado a realidade triste de Clara. Tentou sorrir ao ouvir a última palavra entoada com as notícias da manhã: “divórcio”. Ele fechou os olhos com força:
— Tudo vai ficar bem, Clara. Tudo vai ficar.
Ela arrematou o gole de café. Secretamente, sonhava com um saboroso adeus. Era para ser perfeita, a despedida. Um dos réquiens de Mozart, sublimado pelo quarto movimento da nona sinfonia de Beethoven. Mas sob as palavras “tudo vai ficar bem”, conseguia apenas sentir na boca do estômago a bílis ácida da separação. Agora não tinha o refúgio do sonho. Agora era o que se entendia por real: a fusão do café frio à realidade a queimar por dentro.{...}
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
[...] La irrupción del
pasado puede romper el orden establecido. Esto es lo que
pretende en líneas generales V. H. Rossi en esta fascinante
colección de cuentos que es Mind the Gap: mostrar la cotidianeidad
invirtiendo el orden definido por el presente,
por la realidad, creando situaciones extrañas y desconcertantes
que a buen seguro llamarán la atención del lector. [...]
Trecho do brilhante prefácio assinado pelo escritor espanhol Pedro Amorós
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Mind The Gap - Editora Patuá
Novidade: em breve, o conto Remediado Está poderá ser lido em Mind the Gap, meu livro de contos pela Editora Patuá,
Lançamento previsto para dia 4 de setembro, domingo, às 19h. Mais informações aqui.
Obs: O livro já está no Skoob: http://www.skoob.com.br/livro/185881
Lançamento previsto para dia 4 de setembro, domingo, às 19h. Mais informações aqui.
Obs: O livro já está no Skoob: http://www.skoob.com.br/livro/185881
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Remediado está
"'Pharmakon, o amor é pharmakon.' Assim se apresentou à garota e à sua lata vazia de cerveja. A garota não era bonita ou feia, gorda ou magra, mas se fechava em uma indefinível vontade quando conduzia a lata de cerveja à boca, o que de imediato o conquistara. Percebera-a no intervalo breve entre o quarto e quinto gole longo de vodka. Ela bebia-se sozinha no canto mais escuro do bar, meio em pé, meio apoiada na parede. Os quadris se sustentavam largos [...]"
Início do conto inédito REMEDIADO ESTA
Início do conto inédito REMEDIADO ESTA
terça-feira, 7 de junho de 2011
Profissão: funâmbula
Dia sim, mês sim, equilibro os pés no rasgo estreito da corda bamba.
quando autor imita personagem:
"(...) Sempre sobra pro outro. Foi o que ele disse. No final, o outro que é que se equilibra no rasgo estreito da corda bamba. Alma se equilibrava com os pés em carne viva. (...)"
(Telefone sem fio - 23 de abril de 2010)
quando autor imita personagem:
"(...) Sempre sobra pro outro. Foi o que ele disse. No final, o outro que é que se equilibra no rasgo estreito da corda bamba. Alma se equilibrava com os pés em carne viva. (...)"
(Telefone sem fio - 23 de abril de 2010)
terça-feira, 24 de maio de 2011
Garrafas ao Mar
"Encontramos um livro de etiqueta, sem capa, sem nome de autor ou data — o que lhe deu uma nobreza de documento achado em garrafa ao mar. Tornado por tais circunstâncias misterioso e cheio de autoridade, abrimo-lo como ouviríamos a verdade tão verdadeira que até anônima já era.
Abrimo-lo é modo de dizer. O livro abriu-se sozinho, numa página gasta certamente por mãos ansiosas por bem procederem na vida. O capítulo tratava de senhoras e elevadores. E, antes que as associações mais extravagantes nos ocorressem diante da aproximação insólita das duas palavras, lemos: uma senhora deve evitar de todo modo viajar de elevador. As razões o livro não as dá. Provavelmente seriam óbvias.
Mas nem por ser tão categórico, o autor deixou de ser realista ou benevolente. De fato acrescentava: no caso de ser absolutamente necessária tal viagem, que as senhoras se mantivessem sentadas.
Sentadas no elevador? Se encolhemos os ombros, tal não deveria ter sido a atitude da dona das antigas mãos que seguravam o livro. Ela talvez tenha estremecido: “Meu Deus, ontem mesmo fui obrigada a entrar no elevador...e fiquei de pé!ah, o que não devem ter pensado de mim!”
Não nos cabe o direito de rir dessa aflição; outras, embora mais modernizadas, nós a temos.
O que nos ocorreu e que estava longe do autor a idéia de que um dia seu livro serviria, por um momento ao menos, para desvalorizar o imperativo da etiqueta e tirar a gravidade das gafes. E que sugeriria uma idéia infelizmente impossível de ser aplicada: a de que só se deveria ler o livro de etiqueta depois que este ficasse perdido por uns cem anos. Quanto mais velho, mais útil."
(Comício – 30 de maio de 1952)
quinta-feira, 5 de maio de 2011
A irmã de Shakespeare
"Uma escritora inglesa — Virginia Woolf — querendo provar que mulher nenhuma, na época de Shakespeare, poderia ter escrito as peças de Shakespeare, inventou, para este último, uma irmã que se chamaria Judith. Judith teria o mesmo gênio do seu irmãozinho William, a mesma vocação. Na verdade, seria um outro Shakespeare, só que, por gentil fatalidade da natureza, usaria saias.
Antes, em poucas palavras, V. Woolf descreveu a vida do próprio Shakespeare: freqüentara escolas, estudara em latim Ovídio, Virgílio, Horácio, além de todos os outros princípios de cultura; em menino, caçara coelhos, perambulara pelas vizinhanças, espiara bem o que queria espiar, armazenando infância; como rapazinho, foi obrigado a casar um pouco apressado; essa ligeira leviandade deu-lhe vontade de escapar — e ei-lo a caminho de Londres, em busca de sorte. Como tem sido bastante provado, ele tinha gosto por teatro. Começou por empregar-se como “olheiro” de cavalos, na porta de um teatro, depois imiscuiu-se entre os atores, conseguiu ser um deles, freqüentou o mundo, aguçou suas palavras em contato com as ruas e o povo, teve acesso ao palácio da rainha, terminou sendo Shakespeare.
E Judith? Bem, Judith não seria mandada para a escola. E ninguém lê em latim sem ao menos saber as declinações. Às vezes, como tinha tanto desejo de aprender, pegava nos livros do irmão. Os pais intervinham: mandavam-na cerzir meias ou vigiar o assado. Não por maldade: adoravam-na e queriam que ela se tornasse uma verdadeira mulher. Chegou a época de casar. Ela não queria, sonhava com outros mundos. Apanhou do pai, viu as lágrimas da mãe. Em luta com tudo, mas com o mesmo ímpeto do irmão, arrumou uma trouxa e fugiu para Londres. Também Judith gostava de teatro. Parou na porta de um, disse que queria trabalhar com os artistas — foi uma risada geral, todos imaginaram logo outra coisa. Como poderia arranjar comida? Nem podia ficar andando pelas ruas. Alguém, um homem, teve pena dela. Em breve ela esperava um filho. Até que, numa noite de inverno, ela se matou. “Quem”, diz Virginia Woolf, “poderá calcular o calor e a violência de um coração de poeta quando preso no corpo de uma mulher?”
E assim acaba a história que não existiu. "
Tereza Quadros (Comício – 22 de maio de 1952)
In: Clarice Lispector, Correio Feminino (coluna feminina). Organização e prefácio de Aparecida Maria Nunes. Rio de Janeiro: Rocco, 2006.
sexta-feira, 22 de abril de 2011
Verossimilhança...
Acabei de postar a camada, que achei por bem ser a última do site do Telefone Sem Fio (o resto ainda é segredo). Na realidade, trata-se da primeira camada do segundo capítulo. Pensei nesta camada, pois guarda uma brincadeira com a verossimilhança e com a memória de Alma. Quem conhece um pouco da história do Brasil sabe que as notas de quinhentos mil cruzeiros estampadas com a efígie de Mário de Andrade passaram a circular a partir do governo Itamar Franco em 1993: http://www.bcb.gov.br/htms/museu-espacos/cedulas/cr90/500mil.asp?idpai=CEDBRLISTA
Mais não digo (como diria Marcelino Freire)
http://telefonesemfioromance.blogspot.com/p/2.html
Mais não digo (como diria Marcelino Freire)
http://telefonesemfioromance.blogspot.com/p/2.html
segunda-feira, 18 de abril de 2011
Tempo em camadas
Sempre me perguntei se recordar um fato é revivê-lo. Lembrar-se da infância é de fato reviver as brincadeiras, brigas, broncas, choros engolidos e outros tantos episódios vividos e, claro, imaginados por uma criança? Meus anos a mais e minha memória ardilosa e pouco confiável me fazem crer que não. Por isso me fascina tanto a ideia do tempo em camadas _ ademais, minha querida língua portuguesa, com seu pretérito-mais-que-perfeito, e minha memória assim o apresentam. Minhas recordações não me remetem a um tempo contínuo, mas a fragmentos de um tempo obturado pelo outrora. No Telefone sem Fio, por exemplo, ao recodar-se da infância, Alma se repete em brincadeiras e frases perdidas, no intento dolorido de recuperar o impossível, a pequena menina. Como resultado, a imagem urdida sempre será da Alma adulta - "de anos suficientes" - recordando e nunca da criança brincando, xingando, vivendo deveras seus primeiros anos.
Todo esse nariz de cera pra dizer que o site do telefone sem fio está atualizado com mais uma camada - farfarfaraway -
http://telefonesemfioromance.blogspot.com/
Todo esse nariz de cera pra dizer que o site do telefone sem fio está atualizado com mais uma camada - farfarfaraway -
http://telefonesemfioromance.blogspot.com/
terça-feira, 12 de abril de 2011
sábado, 9 de abril de 2011
Max Bruch - Concerto para Violino em G menor, Opus 26, 1º mvt
Por que a vida não é uma peça de Max Bruch?
quarta-feira, 30 de março de 2011
Coisa mais linda de se ler
Adoro Camila Fortunato. Este poema especialmente me pegou de jeito:
"saber que não há regresso
que todo passo
é despedida
e em todo caminho haverá deserto:
incerto chão
que o desejo pisa
que há algo
entre o corpo e o ar
(voz emudecida)
desespero
não chegar"
Camila Fortunato
Mais aqui: http://carregandoaguanapeneira.blogspot.com
"saber que não há regresso
que todo passo
é despedida
e em todo caminho haverá deserto:
incerto chão
que o desejo pisa
que há algo
entre o corpo e o ar
(voz emudecida)
desespero
não chegar"
Camila Fortunato
Mais aqui: http://carregandoaguanapeneira.blogspot.com
sexta-feira, 4 de março de 2011
Livro que se termine no Dia do Livro é de bom tom que se poste
[...] A senhora de sombra larga tinha um cacoete peculiar. Quando ficava muito nervosa, oscilava o lábio superior e as narinas. Parecia respirar um ar diferente dos outros. Seus olhos não a denunciavam tanto quanto a boca e o nariz, que se dilatava, como se aspirasse uma espécie de ódio contido ou de felicidade frustrada. [...]
[...]
Cem mil dólares em cédulas estampadas pela efígie de Benjamin Franklin. Notas verdinhas, dizem, têm cheiro. Aquelas deveriam ter, todas escondidas em uma cueca suja e suada. A valise, uma maleta de náilon azul-escuro, passava pelo aparelho de Raio X enquanto o quase careca sentia o atrito das notas sobre a pele. Eram onze da manhã e o aeroporto já estava cheio. Com as verdinhas entre a pele e o elástico da cueca suja, o dono da mala azul-escuro transpirava. Algo não ia bem. Os agentes pareciam sentir o cheiro daquelas cédulas e do suor que se agarrava à cueca. A polícia o prenderia em flagrante, é o que apitava o aparelho de Raio X. Pior do que explicar o dinheiro amarrotado na valise, era se expor com as verdinhas grudadas na cueca azul-calcinha, a qual denunciaria de imediato sua dor de barriga. Como queria não sentir aquela dor de barriga quando ficava nervoso.
[...]
Fragmentos de Telefone Sem Fio
versão atual de novembro de 2009 a 23 de abril de 2010
Mais aqui
[...]
Cem mil dólares em cédulas estampadas pela efígie de Benjamin Franklin. Notas verdinhas, dizem, têm cheiro. Aquelas deveriam ter, todas escondidas em uma cueca suja e suada. A valise, uma maleta de náilon azul-escuro, passava pelo aparelho de Raio X enquanto o quase careca sentia o atrito das notas sobre a pele. Eram onze da manhã e o aeroporto já estava cheio. Com as verdinhas entre a pele e o elástico da cueca suja, o dono da mala azul-escuro transpirava. Algo não ia bem. Os agentes pareciam sentir o cheiro daquelas cédulas e do suor que se agarrava à cueca. A polícia o prenderia em flagrante, é o que apitava o aparelho de Raio X. Pior do que explicar o dinheiro amarrotado na valise, era se expor com as verdinhas grudadas na cueca azul-calcinha, a qual denunciaria de imediato sua dor de barriga. Como queria não sentir aquela dor de barriga quando ficava nervoso.
[...]
Fragmentos de Telefone Sem Fio
versão atual de novembro de 2009 a 23 de abril de 2010
Mais aqui
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Hoje: um palíndromo
"Numa primeira e definitiva identificação consigo mesmo, o sujeito humano se aliena de si quando mais esperava se integrar. O espelho, parâmetro de exterioridade, oferece-lhe a chance de se enxergar interior, mas ao preço de se ver como um outro. Nesta relação com o semelhante, a figura que se reflete aparece invertida, coincidindo o lado direito com o esquerdo, e vice-versa. Esta assimetria é o elemento que impõe a diferença no registro do idêntico, forçando a alteridade. Por este viés, aquilo que seria o mais conhecido e familiar, a própria imagem, vira estranho. Sinistro, então aludiria ao que excede à dimensão do narcisismo, ficando fora da alçada do eu, incontrolável."
CESAROTTO, Oscar. No olho do outro: O Homem de areia segundo Hoffmann, Freud e Gaiman. São Paulo: Editora Iluminuras, 1996. p.115
"Quando contemplo no todo um homem situado fora e diante de mim, nossos horizontes concretos efetivamente vivenciáveis não coincidem. Porque em qualquer situação ou proximidade que esse outro que contemplo possa estar em relação a mim, sempre verei e saberei algo que ele, da sua posição fora e diante de mim, não pode ver: as partes do seu corpo inacessíveis ao seu próprio olhar — a cabeça, o rosto e sua expressão —, o mundo atrás dele, toda uma série de objetos e relações que, em função dessa ou daquela relação de reciprocidade entre nós, são acessíveis a mim e inacessíveis a ele. Quando nos olhamos, dois diferentes mundos se refletem na pupila dos nossos olhos [...]
Esse excedente da minha visão, do meu conhecimento, da minha posse — excedente sempre presente em face de qualquer outro indivíduo é condicionado pela singularidade e pela insubstitutibilidade do meu lugar no mundo: porque nesse momento e nesse lugar, em que sou o único a estar situado em dado conjunto de circunstâncias, todos os outros estão fora de mim."
BAKHTIN, Estética da Criação Verbal.Tradução Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2006. p.21
A aporia na qual me encontro atualmente na tese e, por extensão, na vida (até porque dificilmente reservaria quatro anos da minha vida a algo que não percorresse minha corrente sanguínea)
CESAROTTO, Oscar. No olho do outro: O Homem de areia segundo Hoffmann, Freud e Gaiman. São Paulo: Editora Iluminuras, 1996. p.115
"Quando contemplo no todo um homem situado fora e diante de mim, nossos horizontes concretos efetivamente vivenciáveis não coincidem. Porque em qualquer situação ou proximidade que esse outro que contemplo possa estar em relação a mim, sempre verei e saberei algo que ele, da sua posição fora e diante de mim, não pode ver: as partes do seu corpo inacessíveis ao seu próprio olhar — a cabeça, o rosto e sua expressão —, o mundo atrás dele, toda uma série de objetos e relações que, em função dessa ou daquela relação de reciprocidade entre nós, são acessíveis a mim e inacessíveis a ele. Quando nos olhamos, dois diferentes mundos se refletem na pupila dos nossos olhos [...]
Esse excedente da minha visão, do meu conhecimento, da minha posse — excedente sempre presente em face de qualquer outro indivíduo é condicionado pela singularidade e pela insubstitutibilidade do meu lugar no mundo: porque nesse momento e nesse lugar, em que sou o único a estar situado em dado conjunto de circunstâncias, todos os outros estão fora de mim."
BAKHTIN, Estética da Criação Verbal.Tradução Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2006. p.21
A aporia na qual me encontro atualmente na tese e, por extensão, na vida (até porque dificilmente reservaria quatro anos da minha vida a algo que não percorresse minha corrente sanguínea)
sábado, 15 de janeiro de 2011
Seis da Tarde - Teatro para alguém
Uma das peças mais bonitas a que eu assisti nos últimos tempos. Vale a pena conferir:
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